Este
final de ano me levou a refletir sobre o contexto de posse do novo governo em
2023. Um dos temas que mais preocupam, sem dúvida, é o da desinformação. Quando iniciei meu curso de graduação em História vivíamos um contexto onde informação
e conhecimento se conectavam de forma que um permitia a fluidez reflexiva necessária
para a construção do outro. Informar-se era sinal de cuidado com as elaborações
conceituais que eram feitas de forma que as notícias eram compartilhadas por
mídias impressas e o digital ainda estava em ascensão.
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É
possível pontuar que após 2010 uma verdadeira “revolução na revolução” se
estabeleceu permitindo uma explosão catatônica de redes de informação a ponto
de perder-se o controle sobre os agentes de produção das notícias. Qualquer um
se tornou apto a noticiar, analisar e divulgar acontecimentos sem qualquer
critério o que permitiu um processo de desinformação em massa que culminou em
uma espécie de “delírio coletivo” onde histórias e teorias da conspiração se
multiplicam a uma velocidade alarmante levando comunidades e grupos a viverem
em um universo paralelo onde o bem e o mal se digladiam e os inimigos são os
próprios vizinhos, colegas, familiares… trincheiras são construídas e só os
que se lançam em narrativas comuns podem adentrá-las… 2023 nos reserva
dificuldades… de um lado centenas de pessoas nos quartéis interpretando
qualquer ação do atual presidente como
um sinal de que “algo está para acontecer” e de outro os veículos de
informação e notícias trabalhando exaustivamente para garantir e viabilizar a
reflexão sensata dos fatos com vistas a criar viabilidade administrativa para o
futuro governo Lula… não sei se vivemos em nossa história momento mais
complexo e preocupante… entre discursos delirantes, análises fraudulentas e
pseudo intelectuais agressivos nos resta, além de ações coordenadas com vistas
a estabelecer a normalidade institucional, continuar firme na luta por uma
educação reflexiva… afinal, somente pela reflexão plena seremos libertos da
ignorância.
Como
dizia Hannah Arendt, em seu livro Eichman em Jerusalém:
“Uma vida sem REFLEXÃO é totalmente possível, mas ela fracassa em fazer desabrochar sua própria essência – ela não é apenas sem sentido; ela SIMPLESMENTE não é totalmente viva. Homens E MULHERES que não pensam são como sonâmbulos
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– Hannah Arendt, trecho do livro Eichman em Jerusalém
Um 2023 mais
reflexivo e lúcido para todos nós!