A França se prepara para receber os Jogos Olímpicos de 2024, mais de 100 anos depois que o país recebeu a sua primeira edição da competição.
O Globo Repórter desta sexta-feira (21) atravessou nove cidades e três regiões da França, da nascente à foz do Rio Sena, para apresentar as principais conquistas do país no esporte, mas também no meio ambiente, na gastronomia e nas artes. Saiba mais abaixo:
O rio e a qualidade de vida
A viagem começou pelo interior da França para investigar duas áreas em que o país está no pódio: Meio Ambiente e Qualidade de Vida.
Acompanhada pelo correspondente Guilherme Pereira, Sandra Annenberg visitou o pequeno vilarejo de Source-Seine, que quer dizer ‘A fonte do Sena’. É lá que nasce o rio mais importante do país.
Na região, vivem apenas 69 pessoas. A reportagem foi recebida pelo casal Fournier. Juntos há 52 anos, eles são guardiões da nascente do Sena. A esposa, Marie, mora no vilarejo desde que nasceu e fala sobre a relação do rio com a história da sua família e da importância da preservação daquelas águas para a Europa.
“O Sena é o rio da minha infância, onde brinquei, onde aprendi a nadar (…) é a história da minha família”, diz Marie. 1 de 4
O Casal Fournier vive em reserva de preservação da nascente do Sena, na França — Foto: Reprodução/TV Globo O Casal Fournier vive em reserva de preservação da nascente do Sena, na França — Foto: Reprodução/TV Globo
Ao todo, sete nascentes do rio Sena foram identificados na região. Mas hoje, apenas três delas estão ativas.
“Como guardiões, nós testemunhamos essa evolução (…) o aquecimento global é a questão!”, afirmou Jacques.
As nascentes vão ganhando força até formarem o rio caudaloso que desenha a paisagem em Rouen, capital da Normandia. Nestas águas, moradores da região praticam a canoagem, um esporte que virou modalidade olímpica nos jogos de 1936, em Berlim.
A reportagem também acompanhou um dia de remo com Lucien, 76, que há 60 anos navega pelas águas do Sena e sonha com um rio menos poluído.
“O Sena estava em péssimas condições. E agora tá melhorando. Existem mais estações de tratamento, tá mais próximo de ser limpo. Já começamos a ver muitos peixes que tinham sumido”, disse.
A disposição do francês é um exemplo do aumento da qualidade de vida no país. Na época das primeiras Olimpíadas de Paris, os franceses não chegavam aos 60 anos de idade. Hoje, a expectativa de vida passa dos 82 anos.
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Sandra Annenberg acompanhou um dia de remo pelo Sena com Lucien, 76 — Foto: Reprodução/TV Globo Sandra Annenberg acompanhou um dia de remo pelo Sena com Lucien, 76 — Foto: Reprodução/TV Globo
A natureza que inspirou Monet
A natureza exuberante do país é o que inspirou outro aspecto no qual a França é medalhista: a arte. A reportagem também visitou a cidade de Giverny, local onde o artista Claude Monet, pai do impressionismo, viveu por 43 anos. O movimento artístico está completando 150 anos.
Foi em um casarão na região que o pintor cultivou o jardim que seria o cenário ideal para suas telas.
“O Claude Monet não pintava o que era plantado. Ele plantava para pintar. É isso, a sutileza mesmo”, contou a guia Thèrèse Aubreton. 3 de 4
Paisagem francesa inspirou o movimento artístico impressionista — Foto: Reprodução/TV Globo Paisagem francesa inspirou o movimento artístico impressionista — Foto: Reprodução/TV Globo
O vinho é outra medalha que a França se orgulha de ter. Mas tem brasileiro brilhando na modalidade por lá.
A reportagem visitou uma loja de vinhos de uma brasileira. O local já foi a casa de uma família da nobreza parisiense nos anos de 1500.
“Eu sou a única maître cavista brasileira na França, e não só brasileira, a única estrangeira”, contou Marina Giuberti.
No local, ela dá aulas sobre vinho e oferece degustações para turistas. Cada vinho é único, e existe uma palavra francesa explica esta diversidade: Terroir.
“Terroir é o conjunto de clima, (…) e o conjunto da tradição humana”, diz Marina.
A loja também vende um rótulo especial: um vinho em homenagem aos Jogos Olímpicos de 2024.
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Marina Giuberti é a única cavista brasileira na França — Foto: Reprodução/ TV Globo Marina Giuberti é a única cavista brasileira na França — Foto: Reprodução/ TV Globo
Na região metropolitana de Paris, cerca de três mil pessoas estão em situação de rua. A maioria é de imigrantes, sobretudo de países africanos. Segundo o historiador Guillaume Roubaud-Quashie, da universidade de Sorbonne, embora Paris os receba há tempos, nem sempre os acolheu muito bem. Mas o espírito olímpico tem criado oportunidades.
Em Créteil, com a chegada dos Jogos Olímpicos, associações passaram a receber investimento do Comitê Organizador para desenvolver a prática de esportes em crianças e adolescentes e transformar a realidade. Como é o caso da Fundação Gol de Letra, criada pelo Raí, ex-capitão da seleção brasileira, para incentivar o esporte e as artes entre os jovens.