Lockdown chinês e resultado fraco de Usiminas derrubam CSN e Gerdau | Negócios

Os analistas já esperavam resultados mais fracos na Usiminas no terceiro trimestre, mas os dados divulgados hoje apontam também tendência negativa de demanda que vai refletir no próximo trimestre, na visão do Itaú BBA. Além disso, a China voltou a anunciar restrições de circulação devido à covid, inclusive em áreas de Xangai, centro financeiro do país, levantando dúvidas sobre o ritmo de demanda de exportadores e sobre a economia do país.

O combo derrubou a ação das siderúrgicas. Usiminas caiu 4,2%, Gerdau caiu 3,8%, CBA desvalorizou 3,1% e o maior impacto foi em CSN, que chegou a cair 8% e fechou com queda de 5,8%. Na mineração, a Vale também sentiu o impacto do noticiário chinês e de repercussão do balanço, divulgado ontem à noite: o papel a caiu 4,9%.

No início da semana, o BTG Pactual já discutia num relatório uma outra frente chinesa – como o terceiro mandato do presidente chinês Xi Jinping coloca pressão em papéis de mineradoras e siderúrgicas. Isso inclui desde a estratégia de lockdowns às políticas de preços nas estatais. “A política chinesa precisa mudar em várias frentes para restaurar a confiança no setor e garantir a tão necessária expansão de múltiplos do setor”, avaliou o banco.

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Nas siderúrgicas, China afeta preço com sobreoferta e afeta demanda com lockdowns — Foto: Divulgação

Nas siderúrgicas, China afeta preço com sobreoferta e afeta demanda com lockdowns — Foto: Divulgação

Apesar de a retração na receita da Usiminas ter sido de 6,6%, o impacto foi mais relevante na rentabilidade – o Ebitda caiu 65%, para R$ 836 milhões e o lucro líquido encolheu 66,3% na comparação anual, a R$ 608,5 milhões no terceiro trimestre.

O negócio de aço foi afetado por maiores custos e queda sequencial nos volumes e preços dos produtos negociados no Brasil. Em mineração, menores volumes e preços realizados também impactaram negativamente os resultados. Segundo o BBA, a tendência são os números continuarem fracos pelo poder limitado de realização de preços que a Usiminas tem.

O Santander também destaca que, no quarto trimestre, a companhia deve ter vendas ainda menores de aço, entre 850 mil toneladas e 950 mil toneladas. No terceiro trimestre, esse volume ficou em 1,05 milhão de toneladas.

O Goldman Sachs é um pouco mais otimista nesse sentido e espera melhora nos lucros no quarto trimestre, mesmo com menor volume, devido a menores custos de matérias-primas como minério de ferro e carvão. O banco ponderou ainda que a retração no Ebitda não foi tão ruim quanto esperado, lembrando que o consenso compilado pela Bloomberg era 15% menor que o reportado.

As siderúrgicas chinesas têm colocado excesso de oferta de aço no mercado internacional, com margens negativas – o que dificulta que siderúrgicas brasileiras consigam impor negociações de preços com seus clientes. No caso da Usiminas, notadamente na negociação corrente com montadoras.

A CSN divulga o balanço na segunda-feira – um dia que já promete ser bastante volátil no mercado local, repercutindo a decisão eleitoral no domingo. CBA agendou resultados para o dia 8 e a Gerdau, dia 9.

“A queda nos preços do aço em todas as geografias que cobrimos, juntamente com volumes mais fracos, devem levar a lucros menores”, disse o Bank of America num relatório de prévias, em que considera que o trio também vai ter queda relevante de Ebitda. “Esperamos um conjunto fraco de resultados para as siderúrgicas da América Latina no terceiro trimestre, com contração de dois dígitos no Ebitda para todas as empresas.”

Na mineração, a Vale reportou resultados ontem, com queda de receita mais aumento de lucro. O Bradesco BBI esperava um Ebitda 7% acima do reportado e o consenso de mercado apontava um número 11% superior – o que também contribuiu para a queda do papel nesta sexta.