O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira a revogação do teto de gastos, sugerindo que ele seria de interesse apenas de banqueiros e do sistema financeiro. Em uma série de em postagens no Twitter, ele disse que ainda não é candidato, mas mandou um recado à “terceira via” e chamou o presidente Jair Bolsonaro de “fascista”.
“A quem interessa o teto de gastos? Aos banqueiros? Ao sistema financeiro? Gasto é quando vc investe um dinheiro que não tem retorno. Quando vc dá 1 bilhão pra rico é investimento e quando vc dá R$ 300 pro pobre é gasto?! Nós vamos revogar esse teto de gastos”, escreveu Lula.
O teto de gastos, estabelecido pela Emenda Constitucional 95, de 2016, limita o crescimento das despesas primárias federais à taxa de inflação do ano anterior. Para seus defensores, ele sinaliza o compromisso de impedir o descontrole das contas públicas, dando maior credibilidade ao país.
Na mesma rede social, Lula afirmou que “por enquanto” não é candidato ao Palácio do Planalto em 2022. “Às vezes falo que eu ainda não sou candidato, e o pessoal dá risada, não acredita… kkkk Mas vai chegar o dia que vou dizer, por enquanto não sou. Porque acho que agora é hora de construir o leque de apoios que precisamos.”
Desde que teve suas condenações judiciais anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e voltou a ser elegível, Lula é visto como candidato, polarizando a disputa com o presidente Jair Bolsonaro.
Pesquisa XP/Ipespe divulgada em 11 de junho mostrou que, hoje, 32% das intenções de voto no primeiro turno iriam para o ex-presidente, enquanto que Bolsonaro teria 28% de preferência. A margem de erro é de 3,2 pontos. Em maio, ambos estavam empatados com 29% cada. Na simulação de segundo turno, Lula venceria Bolsonaro por 45% a 36% na pesquisa mais recente.
Lula também disse no Twitter que vai procurar pessoas para conversar, “porque num país civilizado as pessoas conversam”, e mandou um recado para a chamada “terceira via”. “O pessoal da 3ª via fica preocupado com a minha candidatura, é só lançar candidato. Todo partido pode lançar.”
O ex-presidente disse não estar ressentido – depois de passar 580 dias preso por um processo que posteriormente o STF considerou sem validade.
“Não posso fazer política com as coisas do passado nas minhas costas. Era eu quem estava preso injustamente, mas não faço política com ressentimento. Quem tá disposto a ajudar o país, vamos juntos. Sei a diferença de aliança eleitoral e aliança pra governar”, escreveu.
Sobre a pandemia de covid-19, o petista rechaçou comentários de que o povo estaria aglomerando – o que contribuiria para não baixar o número de casos no país – e criticou a atuação do presidente Bolsonaro.
“Não adianta falar que ‘ah, mas o povo agora tá aglomerando’. O povo está aglomerado todo dia e faz tempo. Pra trabalhar, pra pegar ônibus. E sem estar todo mundo vacinado, porque o Bolsonaro recusou as ofertas pra comprar enquanto era tempo.”
Lula também destacou diferenças entre as manifestações pró e contra o governo. “Um lado usa máscara, álcool gel, o outro lado vai sem máscara e nega a vacina.” Segundo ele, Bolsonaro “governa com fake news”. “Não se trata de polarização, se trata de um fascista no poder.”